
Versos em Chamas
Data 01/03/2020 14:25:41 | Tópico: Poemas -> Tristeza
| Comemore, saltitante sobre meu corpo Não me resta mais nada Os versos que fiz quando estava afoito, Agora estão chorando, me cortando como uma adaga Acabe logo com isso, me mate, dê um jeito Estou morrendo enquanto me arrependo Arrependo do dia que escrevi para você Arrependo de ter me deixado viciar em seu beijo Choro agora, implorando para que Deus me ajude Faça-me esquecer, te esquecer, me cure Não sei mais qual a diferença entre medo e desespero Apenas me mate de uma vez, não me torture.
Aquela tal Dama nunca existira A criei, apenas para romantizar em sinfonia Mas, agora penso em queimar página por página E soprá-las, em cinzas, para longe, cada palavra Cada verso que dediquei e talhei por todos esses anos, Foram para uma musa imaginária, quanta fantasia Uma verdadeira ninfa, linda, mas, em volta de enganos Chorar é a única passagem visível no momento, pobre caderno Pobrezinha da caneta, fora usada tantos dias Enfim descansará eternamente, pois de ti me despeço.
Talvez esta ilusão consiga me derrubar Mas, não se preocupe, caderno meu Pois, deixo dentro de ti, meus sentimentos ilusórios Para que talvez, verdadeiros amantes te devorem, caderno meu.
Quem sabe um dia eu o leia novamente Ou talvez, você se torne uma lembrança, Para que eu não me esqueça dos erros Posso não ter amado aquele amor de aliança, Mas, eu imaginei romances, por isso não me culpe Caderno meu, as lágrimas impedem que eu lute E, já estou cansado, cansado de romantizar o inexistente Cansado de poetizar sem uma luz no túnel a me guiar Caderno meu, lembre-se de como eu era, sorridente Não grave meu rosto molhado, não me veja chorar.
Dama, quem um dia criei como utopia Como a amada, como a prometida Mas que, ao ser dada ao tempo, tornara-se Dalila Poesias, rimas, tudo para ela, todos os meus dias Mentiras, farsas, tragédias em sincronia Cada texto meu fora um engano, mais quantos terei este ano? Estou aqui, cinco da manhã, sustentado pelo energético Sem dormir, querendo conversar contigo, caderno meu Empurre-me de um prédio, talvez assim eu enxergue uma nova miragem Necessito de algum remédio, chega de donzelas nulas de sinceridade Se eu queimasse essas folhas, o fogo viveria poucas horas Quatro anos reduzidos a horas, que tristeza Devo ter deixado a felicidade ancorada em um porto longínquo Talvez eu me perdi, levado pela correnteza, E acabei parando em um hospício, para aqueles que acreditam Amor, cumplicidade, confiança, um vínculo eterno Mas, tudo que eu encontrei foi o gélido término.
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