
O Poço
Data 18/12/2019 13:14:23 | Tópico: Poemas -> Surrealistas
| O vento soprou os dias, as folhas da ilusão, as flores da paixão Com elas, a alegria da juventude, a esperança e tantos desejos Tantos sonhos bordados de carinho, quantos sorrisos também Fruto de incompreensões onde deter a razão precede ser feliz Onde terá ido a verdade que se mostrava tão singela nos olhos Terá ido com as marés, trocada pelos meandros de tecnologias O vento trouxe alterações na personalidade, trouxe o desamor Vieram meias palavras e inverdades, vimos repetir apenas o não A dor que não vejo em seus olhos ecoa bruta em meus ouvidos Não entendes o que digo ou não queres, entender é compromisso A luz se dissipa entre as grades desta prisão que cala e cerceia Onde é a alma que se queda prisioneira, no silêncio devastador A solidão é uma fera a rugir na noite que chega e seus temores Quando ficares à beira do poço sentirás falta desta dedicação Recordarás minha pele em tua pele a te acariciar infinitamente A distância entre elas te doerá, no entanto não te autoflageles Pois foi tua imperícia em deixar-se ser amada que assim decidiu Somos mesmo um quebra-cabeças de sombras e peças nebulosas Tantas vezes definimos conduzir nosso trem firme numa estrada Que esquecemos que a viagem só importa quando há passageiro O qual continuou solitário, entre lagrimas, na penúltima estação O mais evidente é que, mesmo assim, te amo e peço que ignores Toda a dor que cabe nestes versos à sombra destes hemisférios Pousa tuas mãos mim, mas saiba que também não sei o percurso Apenas sei, enfim, que nosso caminho segue pela mesma estrada
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