
Observas-me
Data 10/04/2008 07:41:15 | Tópico: Poemas -> Amor
| Observas-me ocultado p’las venezianas da janela de teu corpo, tenso, de pálpebras hirtas, em cílios sustenidos, sombrios e espessos, de olhar arrebatado ao bulício herege do verbo, lianas soltas no rio de Sol-posto.
No vagar da tarde, rastejo a savana em gestos suaves em volúpias de mulher a renascer de cântaros de ânforas... Orgânica, melânica, abrigo-me das tempestades no teu colo o mundo inscrito a traços largos e círculos grossos o mundo inserto no Pré-câmbrico do grito que atravessa e amansa a pedra pura.
Observas-me. Danço frémita a loucura do teu corpo ondulo em chama no rubro do teu beijo de sal e fogo.
Observas-me desmedido. Jaguar de som revogado, avanças à urgência do acto, em líricas selváticas e jogos palacianos de crianças.
Medusa híbrida reténs-me em ti fundido, p’las minhas tranças p’las minhas ancas em elegâncias extremas de cordas d’harpa em poética sintonia de acordes simples e singelos.
Abres lentamente as janelas de par em par e somos abraços e poemas rejuvenescidos p’la chuva em caixilhos e aguarelas janelas de novo dia.
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