
QUILOMBO
Data 13/09/2019 16:49:14 | Tópico: Poemas
| A dia desce serra abaixo no escuro do quilombo. Uma algazarra matinal tem início nos ouvidos, ao tempo em que as barracas se abrem em festas. Gritos de chamamento religioso voam pelos ares, abraçados pelas vibrações inebriantes que ecoam da caixa de ressonância dos tambores. o cheiro de madeira queimada paira por todo campo esquentando o traseiro das panelas de barro. Em tempo de rapidez, uma pequena África nasce nas terras, regadas de suor negro O turbilhão de pernas caminha em todas direções pisando o tempo passado, em direções geográficas determinadas pela sofreguidão espiritual materializada nos quitutes de além mar. A feijoada gira cercada, pela parede circular de argila, da panela forjada por mãos de engenhosas linhagem. Comilança geral no terreiro, pratos voam de mão em mão bocas incógnitas mastigam feijão, engolem orgulho. A dança aproxima os corpos de casais em transe na umbigada de jongo em plena fuga do cativeiro.
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