
Guerra
Data 29/01/2007 15:11:21 | Tópico: Acrósticos
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Há carros de combate em todas as ruas, capacetes metálicos de olhos escondidos, e outros de faces cheias e duras gritando ordens e ordens, de bastão empunhado. Começou a guerra na minha cidade, e as torres das igrejas são estandartes torpes das tropas inimigas, dos fantasmas e sonhos dos livros da escola. Que morram os heróis, diz alguém de face hirsuta, e dedos fechados, e por cada letra de uma palavra, morre um soldado sem se saber bem porquê. Há um miúdo, sozinho – pateticamente seguro de fuzil de pau em punho, desafiando as balas que passeiam perto do medo, e cheiram a pólvora e a sangue, odor próprio dos generais. Alguém grita lancinante, e eu digo – é a mãe. E depois um estrondo e outro e mais outro e ainda um último (trabalho competente) e no chão, largado o fuzil, chorando a mãe, como qualquer guerreiro, de olhos grandes e fortes, abre os seus braços órfãos e murmura, mãezinha… quem cuidará de mim!
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