
Benção da faca de dois gumes
Data 01/04/2019 13:18:54 | Tópico: Poemas
| Para eu conseguir me achar eu próprio, fui aquilo que perdi. Abençoado com uma faca de dois gumes que não pode ser manuseada por qualquer um, escolhido a dedo por Virgílio tenho essa benção que ao mesmo tempo é minha perdição. Doce melancolia que ilumina meus dias, sempre fechado com a defesa em dia, então sem novos amigos. Solitário, é que não sou de confiar em qualquer um. Ou qualquer uma. Não sei. Sou homem e propenso aos feitiços de minha própria carne estou.
Eu e minha consciência nebulosa me colocando o mais fora possível, quando entro, me afogo. Eu e minha consciência nebulosa querendo um fim desejando dormir todo o dia me afogando na escuridão confortável do sono. Eu e minha consciência nebulosa observando uma égua presa em sua viseira, quando a mesma é afetada uma tempestade em um copo de água, acontece. Eu e minha consciência nebulosa e para dizer a verdade queria me drogar. Me dopar e assim viver. A igreja para a égua é meu cigarro. E seu deus é seu câncer. É meu câncer. Os dois são uma verdadeira doença. observo os delírios a três passos de distância, retiro minha alma da reta desassocio qualquer ligação. Esse é meu livramento não me deixo devorar por trivialidades e aos poucos me vejo de volta a superfície.
Uma nova era. Ciclos diferentes de diferentes luas. Uma pausa para o psicológico. Segunda feira. Todos em suas funções. Eu e meus amigos. Atoas. Fumando uma boa guimba. Fazendo barras e lutando. Apenas socos na região da barriga e peito. Meu universo não me deixa descansar mas estou nem aí. Construo meu futuro a minha maneira e tudo que eu quero é meu tempo e minha mente intactos.
Ando pela tempestade pensando em desistir focado: algum momento desistir. Não chegue até os 80, para que viver isso tudo? Ando pela tempestade nadando em mares que me sufocam e para dizer a verdade me dopo para me sentir melhor. Estou trapaceando então fui rotulado a ovelha negra, vulgo decepção da família.
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