
VEM VILÃO
Data 20/02/2019 22:21:05 | Tópico: Poemas -> Reflexão
| Estou trazendo presentes Ideias no álcool para os poetas que bebem Por que se escondem assim? Achando que terão visões nos fundos dos copos Às vezes o mundo parece tão surdo quanto os tijolos das casas E eu rezo quieto por nada Estamos todos loucos Enfiados em fantasmagóricos aventais brancos Olhos mortiços Como os dele naquela cadeira antiga A porta de seu quarto no hospital A que reflexões mortas ou antigas lembranças se entregava? Talvez só estivesse com medo Como todos os outros sentados nas fileiras desalinhadas das salas de aula Sonhando senas eróticas e amorosas com a professora loira Escrevendo poesia perdida durante as aulas Só ela não liga o bastante Melhor cheirar solvente e mentir para parecer rebelde Falar de demônios e vozes sentir-se Aleister Delirar Eu também deliro e viajo preso as maquinas Vida de operário Um salário qualquer e dividas Estou sofrendo Mas trago presentes Por que de alguma forma tocamos violão no quartinho dos fundos De alguma forma isto nos parece arte A se pudéssemos correr pelas avenidas com nossos carrões caríssimos E recitar poemas pagos nos tele jornais do meio dia Mas isso e só aqui Sonhos de Porto Alegre só estão aqui comigo Não posso alcansalos ainda Talvez nunca possa As coisas começam e vem carregadas no minuano Pelo menos e o que esperamos Aborrecidos manhãs a fora Em direção ao ônibus ao trabalho a rotina Sentindo nos presos Há como e grande o desejo de ficar Como urge a necessidade de mudanças Mas não mudamos, não por fora. Não para os outros pelo menos Apenas para-nos mesmos, apenas por dentro. Num labirinto no castelo da alma Tentando desistir e falhando Tentando uivar em papel xerocado Tudo e tão irremediável Para que tantas ideias? Tantas criações? Nossas mentes se perdendo, achando que seria bom se tocássemos em bares. Ou em festas a cinquenta centavos no boné Um couvert artístico Achando que da pra viver de poesia Um rosto qualquer na capa de um livro Recitando para os outros, para os leigos. Como ilhas cercadas, nos sufocando num mar idiotamente azul. E mudo Por que e só o que somos Entregues aos longos banquetes da sanidade furtiva Não temos medo da sombra Somos o abismo Comprando refrigerantes baratos em lanchonetes vazias Escutando os ciganos vendo o tempo passar Como pedra nas águas de um riu Ouvindo musicas barulhentas de CDs emprestados Uma vida de empréstimos compulsórios Uma multidão de amigos viciados, carecendo de ritmo e magia. Espalhando-se em fugas do atlântico, e do humor do jovem selvagem de hoje. Jovem que nos somos, e escondemos no armário do quarto. Por traz da pilha antiga de roupas Só o que e bonito esta ai para mostrar Só o que e bonito Noites de outrora e jovens e belas promessas Mostre a eles o que eles querem ver Pode ser divertido fingir o tempo todo e enganar enquanto se espera a própria vez O momento de ser enganado Como se não pudéssemos fugir da noite Ficando sempre a espera Às vezes e fácil deixar para La Ficar em casa olhando fotos velhas, reconhecendo rostos toda uma vida desfilando diante dos olhos. Revendo antigos fantasmas Espectros antigos, mas atuantes. A garota gorda do colegial, com suas lentes grossas e coloridos desenhos. Um horror nos punhos fechados de um inimigo maior Medo, terra, chuva e vento como um presente indesejado. Vem vilão que já não o tememos Temos canetas e blocos e xícaras de café fumegante Tem os o vinho e a poesia Somos outros agora Sim somos outros Ainda que imolados em ódios disformes e lembranças Pra podermos luzir nos caminhos da vida, na batalha sem trégua do dia a dia. Você ainda acha que pode fugir? Eu conheci alguém que tentou amigo E ate hoje não conseguimos encontrar todos os seus pedaços Pobre Queli onde andara perdendo pedaços seus agora? Em quais bares estará esquecendo sua própria vida? A que caralhos estará tentando agradar por mais uma dose? Suas fugas nunca foram longas minha amiga, jamais foste a qualquer lugar. Não e que estivesse errada, não e que não devesse ter tentado. E só o seu caminho garota Só o método e que te condena Queli bebendo cerveja pra ficar alta e distante entre os vagabundos do bairro Queli fungando carreiras perto das mesas de sinuca O pó sobe rápido, eu a vejo pobre Queli você já esta longe, mas logo volta, logo cai pesada como chumbo. E tudo ainda esta La Tudo ainda esperando por ela Silenciosa sentindo medo Um gosto de morte na boca a má sorte grudada nela Ela nunca mais será a mesma meu amigo Nunca mais Esta perdida Agarre se a seus panfletos musicais e CDs Você não pode fugir Vem vilão por que não podemos fugir Por que estamos cansados e tristes Às vezes impacientes Eu me pergunto Quanto tempo mais? E um ciclo que se fecha Um grito que termina como devia terminar Debatendo-nos no escuro Debatendo-nos no escuro Ate o fim Futuro adentro Debatendo-nos no escuro No escuro.
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