
MALDITOS! n° 3
Data 03/11/2018 13:40:32 | Tópico: Poemas
| MALDITOS! n°3
Peno eu -- mais três ou quatro gerações -- Amaldiçoando todos no pecado Que nos predestinou junto aos vilões!
Deveras, parvo e obscuro antepassado, Pus minha iniquidade sobre os meus Uma vez para sempre amaldiçoado...
Antes já natimorto entre os plebeus Que agora constranger-nos desde o gen Viver em guerra infinda contra Deus!
Como ignorasse d'onde a bênção vem, Sem temer me cobrir de pestilências... Maldito, escolho o mal e evito o bem.
Ao desdenhar de Deus suas violências Sobre mim e meus tristes descendentes É que busquei nos vícios experiências.
Uma vez condenado, ranjo os dentes Urrando contra as hostes celestiais E a multidão submissa de seus crentes.
Sim, vêm me perseguir feito animais Pois co'a marca de Caim, homem de cor, Com os filhos de Cam eu ergui baais!
Excluído do povo do Senhor, Sigo a errar d'outro lado do Jordão Como a face d'opróbrio e do terror:
Quem de longe me vê na imensidão M'escojura qual visse o deus Moloque Com chifres a queimar na escuridão!
E vem me apedrejar sem que o provoque Para que assim me afaste mais ainda, Pintando-me um demônio sem retoque.
Certo que minha culpa jamais finda, Aos olhos d'estes homens bons e justos Convém lhes evitar a terra linda.
Vagando nos desertos entre arbustos A medo de topar quem quer que seja E alerta de perigos e outros sustos...
Resta rogar a Deus, por onde esteja, Que me mate antes qu'eu, de todo aflito, Devolva ao mundo o mal que me deseja!
Só sei não ver justiça no infinito Expurgo de más culpas cuja pena Me faz eternamente ser maldito.
Betim - 03 11 2018
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