
MAGNO - O livro de Alexandre
Data 18/10/2018 12:50:50 | Tópico: Épicos
| MAGNO - O livro de Alexandre
CANTO PRIMEIRO
I Canto, ó musa, dos grandes o maior! Aquele cujos feitos nunca mais Haverão pelos tempos de igualar. Canto o senhor dos helenos e dos persas, O explorador das Arábias e das Índias!
D'entre todos os homens em seu Fado, Eu canto quem de Vênus tão dilecto Quanto de Marte mais favorecido, Como se não de reis, mas sim de deuses O houvessem concebido para a glória!
II Mas não, musa, não cabe ao menor poeta Cantar, por fim, dos grandes a grandeza... Tampouco lhe compete se arvorar Um cronista de cortes tão distantes No espaço e tempo às suas tortas letras!
Oh sim, como ousa o obscuro lançar luzes Sobre este cujo nome imenso brilha? Como, musa, algum poeta 'inda pretenda D'outro século os transes da Fortuna Que marcaram os dias de Alexandre?
III Ou mesmo, como d'Hélade traduzir N'um tardio e vulgar falar latino Que por terras austrais americanas Calhou de florescer exuberante? E como -- para além das conjecturas --
Ter versos onde o velho se renove A iluminar as mentes d'este tempo Que pouco ou nada escutam d'outras eras? Mas haverá ainda d'entre nós Quem aprecie d'épicos o engenho?
IV Deveras... Não sabendo responder Tu silencias, musa, qual dissesses Dever também o poeta se calar... Afinal, que aproveita o homem em ter Vencido todo o mundo se se perde?
Que poderá o poeta contra o Fado Enquanto o próprio herói, em sua história, Sem conhecer derrota é esquecido? Talvez não reste um canto a se cantar Tampouco história alguma a ser contada...
V Se canto, ó musa, é antes teimosia Que talento ou verdade iluminados. Eu canto porque os homens e mulheres Coetâneos de Alexandre n'ele vivem! Eu canto porque os deuses o escolheram
Para levar o saber do Estagirita Às três partes do mundo conhecido: Por África, Ásia e Europa, desde Pela, Avançou até ser tido por Magno Mesmo onde seu domínio não chegou.
VI Mas canto, sobretudo, porque falham Todos os que o tentaram superar... Mesmo quem o epiteto após houvera: Pompeu, Gregório, Leão, Alberto e Carlos... Antes foram desejos de iguais glórias
Do que lumes capazes de ofuscá-lo! À semelhança de astros que pelo Orbe, Transitando em concerto gravemente, Luzem sem contrastar co'a luz mais alta Vista no céu nocturno entre as estrelas.
VII Alexandre, após guerras e poderes, A sua história aos códices da História Tivera assim, por mérito, elevada. Deve o poeta, contudo, não o douto Cantar o homem a além de suas obras.
Certo de que, ao exaltar sua existência, Celebre antes vivências que conquistas E entenda, humanamente, o que é ter Grandeza quando o mundo mais parece Carecer simplesmente de limites.
Betim - 18 10 2018
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