
Queria um quadro de cacto
Data 28/09/2018 00:01:41 | Tópico: Poemas
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Como podemos nos sentir iluminados se não passamos de ovelhas negras, olhe bem, não é possível que não vêem como brilhamos o estranho é mais normal do que aparenta, é tudo uma questão de ser o que se é, o que se pode ser.
Como podemos nos sentir iluminados se as expectativas não foram alimentadas seus olhares nos secaram, a ausência também. Desculpe se quebramos o molde não conseguir mexer meus braços me entristecia, agora estou livre e percebo como algumas partes ainda estão atrofiadas.
Desculpe se fazemos bastante fumaça. Talvez seja apenas um afogamento do que nos sufoca. Então fazemos verdadeiras estufas. Somos flor que não se cheira, aprecie de longe, no momento certo, o desabrochar de pétalas geniais.
Conheço quem ama o mar outro que ama cantar outros que amam amar, isso deveria vir com um manual ou eles que complicam de mais e mesmo assim se completam e so de falar no mar o vento se agita e o mar de seus olhos se agitam. Dê a ele um violão e verá.
Queria um bom livro para ler, não me sinto confortável com releituras.
Queria ser autodidata na maioria das artes, da criação. Um nó, um grito preso em meu peito enlouquece meu pobre e coitado cérebro: Arte! Arte! Crie! Se alimente... CRIE! ARTE. Mas não é todo momento que meus poros transpiram genuinamente mas não é em todo momento que o ambiente está favorável. São raros os dias que ocorre uma criação em locais, até então, inapropriados.
Queria me sentir um pouco menos apático, enterrei vivo meu amor para ele agonizar até morrer, vesti o terno e desde então me sinto em um caixão.
Queria que o dia se tornasse dia um pouco mais tarde hoje, me sinto confortável enquanto estou, sentado, banhado por essas luzes amarelas e por esse azul escuro sem estrelas.
Queria que os deuses me deixassem um pouco sozinho com a arte como pessoa, tempo suficiente para um abraço e um: "obrigado pela possibilidade de me sentir vivo."
Só queria mesmo... Sinto que os deuses se alimentam de minha sede, até então, insaciável.
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