
LUAR DAS VALQUÍRIAS
Data 25/09/2018 11:23:36 | Tópico: Poemas
| LUAR DAS VALQUÍRIAS
I
O que se diz das nornas cavalgantes A serviço dos deuses e dos homens É que escolhem guerreiros para a morte Ao se lhes surpreender com beijos gélidos. Montam os corcéis brancos das neblinas Que descem sobre os campos de batalha. Enquanto isso, enluarada, a noite cai Àqueles que s'entregam para a guerra No espetác'lo sangrento dos infantes. Atravessam planícies que, nevadas, Tingem-se aqui e ali de sangue nobre, Vertendo dos caídos destripados.
Exangues, contemplavam as estrelas À espera do Valhala e suas glórias. * * *
II
Elas são as mulheres escudeiras Que cumprem os desígnios do Destino Elevando os espíritos dos bravos. Alvíssimas, têm elas olhos grises Frios como os glaciares das montanhas. Passando por portais de gelo e fogo, Vêm à mansão dos mortos escolhidos A reforçar as hostes do alto Odin Em sua guerra contra os mundos últimos Que antecede a Nova Era d'Universo. Possam com o seu sangue sobre a neve, D’oravante heróis, irem destemidos, Visto terem no olhar a vida e a morte.
Nunca hesitem em face de ninguém Tampouco deixem sonhos por sonhar.
* * *
III
Têm como prêmio após tantas jornadas Cuidados e carinhos das donzelas Que, pensando as feridas com unguentos E servindo canecas de hidromel, Curam um após outro dos desastres Logo a fortalecer-lhes o amplo espírito Já testado e medido pela guerra. As Valquírias, senhoras de dois mundos, Vêm conduzir os grandes à grandeza. Amantes da beleza e da coragem, Acompanham a estrada do guerreiro Enquanto avança sobre os inimigos.
Revela-se afinal ao destemido Como se antevisão da boa morte.
* * *
IV
No olhar d'essa mulher iluminada Que lhe vem nos ardores do entrevero, Reconhece o chamado do mais Alto Entregue ao beijo gélido da morte. Oh bem-aventurado o que recebe A morte como amante e rega a terra Co'o sangue de incontáveis inimigos! Sacerdote, ele eleva-se oferenda N'uma carnificina sanguinária. Sim, por seu braço a morte sega os campos A entulhar seus celeiros de cadáveres!
E as Valquírias com seus corvos retintos Vêm se refestelar sob alva lua. Belo Horizonte - 25 09 2018
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