
PAREDE DE FOGO
Data 21/08/2018 12:34:01 | Tópico: Poemas
| Entra. Fecha a porta. Não, deixa-a entreaberta para que a brisa nos espreite e sopre; será preciso... Molha-me a boca, seca-me o ácido dos dias sem ti. Enlaça-me, chama à tua a minha pele, cessa os meus momentos mornos de invernos impiedosos. Pára. Não desabotoes a seda que me cobre o peito, rasga-a em tiras desalinhadas, quero-me como farrapo em teu corpo. Abraça-me, suga-me, ferve-me, salga-me o corpo no teu transpirar. Arrasta-te à parede e volta-te para ela, quero partir contigo as fronteiras do desejo… Levanta os braços, abre as mãos em palmas e mancha de água a parede envergonhada. Seguro-te e arrepias, solto-te os seios acesos, pego-te os pulsos e sinto o sangue a arder! Rasgo-te, como rasgado estou de mim. Afasto-te as coxas, vergo-te e beijo-te a nuca... Sinto os pés no chão vertidos. Vou para ti desnorteado, endoidecido e não quero saber, sequer se a porta se abriu completamente, ou se fechou.
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