
O que tranquiliza é saber que essa gaiola não está trancada e eu posso sair a qualquer momento
Data 22/04/2018 15:15:25 | Tópico: Poemas
| Dessa vez sem música tocando apenas a melodia da noite e toda sua melancolia e morcegos e as vassouras varrendo a rua e os carros que circulam nesse horário.
Me tornei escravo do meu próprio vazio, refém da minha própria solidão, moscas se afogavam em um resto de vinho dentro de uma garrafa jogada atrás do sofá, caminhei pela friagem da madrugada com meu pulmão cansado de mais mesmo eu sendo jovem demais, me apeguei as fumaças e venho fumando de mais, sentindo o mais puro gosto da morte cada vez mais perto e continuo dançando desengonçado não sentindo nada entregue ao superficial, sinto que a cor dos meus olhos já devem estar opacos e não quero olhar no espelho para conferir. Não me comovi com ela chorando porque eu estava indo embora no meio da noite, por um momento o cheiro de qualquer outra pessoa me enjoava e meu estomago estava embrulhado e eu sentia que iria vomitar, então me comovi com todo esse chacoalhar dentro da minha cabeça, vesti minhas roupas e sai a caminho de casa inconformado com a falta de sentido em todas essas primaveras e outonos e nascimentos e mortes, eu me sentia vazio como as ruas durante a madrugada e o incomodo, pode se assemelhar ao constante medo de ser assaltado, respirei fundo quando abri a porta e não havia mais ninguém, me alimentei de um resto de batata frita que estava em cima do fogão desde a hora do almoço, estavam murchas como as flores ressecadas por essa brisa fria e solitária, bebi um copo de suco de caju e pensei em sumir ou simplesmente acabar com tudo, e meu corpo seria descoberto algumas horas depois e eu estaria fedendo e seria todo um trabalho, é incomodo saber que sentimentos passam por minhas mãos como cartas de baralho e com isso posso fazer feridas mas não sinto que posso ser ferido, não vejo como derrubar o que já se sente no chão.
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