
Dor
Data 01/04/2018 22:56:25 | Tópico: Poemas
| A dor que eu não sinto, fisicamente, por outro lado ela está toda no emocional e na minha raquítica alma, cansada.
Nisso você tem razão, as espinhas não são nada quando sinto o toque dos seus dedos e o arrastar da ponta das suas unhas, forçando que o pus jorre para fora. Não sei como você gosta disso, mas eu me sinto deitado nas nuvens mesmo estando deitado sobre a grama e algumas imperfeições do solo que penetram minha carne,
sua respiração de encontro a minha, o céu ao dispor dos meus olhos e eu me encanto mais quando, despercebido, abro meus olhos e tudo que eu vejo é seu delicado rosto em busca de espinhas e cravos,
seus olhos, negros, me fizeram acreditar, por um momento, que era noite mas era tarde,
mas era tarde de mais para mim agora não consigo me livrar disso, pelo menos me rende bons poemas, como esse, por outro lado... o que falta? O que não tem em mim que tem nos outros caras?
Simplesmente não é para ser ou não é a hora.
Como a rosa e seus espinhos, o mundo também vem me machucando quando tento me agarrar em algo e agora me encontro flutuando em um vácuo, confuso como uma criança se a inocência de uma, tudo parece estar embaralhado como em um jogo de cartas, minha mão está fraca, acabei me tornando um profissional no blefe e hoje, não consigo ser verdadeiro mesmo quando quero, porém com a caneta em minha mão as verdades escorrem me aliviando.
Não consigo dar a importância necessária, para o que, seguindo a logica, devia ser importante, infelizmente acabei sendo pego em uma paixão não correspondida e tempos desisti de me livrar, percebi que não sou capaz de tal façanha, então me encaixei no conformismo que por muita das vezes é deveras frustrante, então como um cachorro abandonado a mercê da fome, me alimento das sobras, o que me importa é saber, se ela realmente está bem, fazendo o que for preciso para que o mesmo aconteça.
Não gostaria de chegar ao mesmo nível de Van Gogh e acabar enviando minha orelha ensanguentada para ela, confesso que pensei no assunto mas me lembrei que essa orelha captou o som de sua voz, tão próxima, balbuciando as músicas do Rex Orange, então, quem sabe, eu acabe enviando meu braço direito, com isso terei que aprender a escrever com o esquerdo.
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