
O DESTINO DA LOUÇA
Data 20/03/2018 00:44:28 | Tópico: Poemas
| A criança chorava com febre Dormiu no mesmo lugar que os ratos e a mãe quase não dormiu O chefe da fábrica não deixava passar o menor defeito nos pratos Além de pagar mal não tinha a menor consideração pelas horas que ela dava o sangue. E então, ela o maldisse do fundo do coração.
Depois de embalada no container, as louças vieram balançando no navio no meio do mar Antes disso, no porto os marinheiros foram se divertir com as moças. Falaram até em greve, motim, pois não tinham o dim-dim para escolher as mais graciosas. Um dos tripulantes se envolveu com Chen Shou a amante de um traficante que tinha grande negócio de ópio.
No quarto com cortinas de bambu ele dormiu em tatame e além da clara cútis viu que ela tinha uma borboleta azul tatuada na púbis. Amarrado em arame amanheceu boiando nas águas escuras de Xangai, na parte sul. Não sabia que Chen Shou quer dizer suave manhã.
Após o jantar sob a água e o sabão a louça escorregou de minhas mãos e se espatifou na pia. Foi quando prestei atenção nos arabescos do prato Pensei nas pessoas que bolaram esse desenho de flores em sua arte utilitária Foi também quando li num dos cacos: Made in China Foi aí que imaginei essa história que acabei de contar nessas linhas acima.
|
|