
SEM A PAZ, CHEGOU A DEFINITIVA MORTE
Data 16/02/2018 17:11:24 | Tópico: Poemas
| Nuvem que carrega esplendores e tempestades, não sei exatamente quando perdi minha paz ilhada,
mas ainda me lembro de quando caminhava por uma estrada sinuosa e esburacada, e você chegou sem hesitar, toda alvissarada.
Ainda não tinhas a adaga nem o verbo afiado – eras só flores e sonhos esplendorosamente anuviados, que me davas com gosto declarado –,
isso veio depois, bem depois de andarmos por serras e montes elevados; e eu nem me lembro mais de quando nos caímos pela primeira vez, mas a terra tremeu sob meus pés e as sombras balouçaram às minhas madrugadas.
Até tentei fugir do iminente naufrágio, mas todas as portas e janelas já estavam fechadas, e a bela luz da morte de não sentir, de não querer, de não amar já havia inexoravelmente me abandonado;
hoje tomo meu café, fumo meu cigarro de palha enrolado e ando pelas avenidas dos vivos e dos mortos, com o pouco que de mim haja restado,
que todo o mais a ti também fora com mesmo gosto ofertado sob sóis e chuvas, às noites e às noites ausentes, entre as brisas e as tempestades ferventes neste incomensurável, mas ébrio amor degenerado.
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