
Bicudos na lua
Data 10/02/2018 23:19:27 | Tópico: Poemas
| Em um melancólico ônibus vazio, vejo o mundo sendo rebobinado através da pequena janela ao meu lado, sinto o tremor e o balanço do ônibus e deixo que chacoalhe meu esqueleto, consumido por uma megera e sincera paixão deixo com que ela mecha com todos os meus orgãos se alimentando como sangue sugas. Viciante como um trago em um cigarro que me aproxima cada vez mais da morte e da vida, me levando hora, em um céu derramado em um lindo sorriso, hora, em um inferno derramado em solidão e frustração e sangue sugas agarrados em meu carbonizado coração, consumindo, lentamente a cada dia, cada um dos meus órgãos.
Me achei forte o bastante para escapar mas não sei como realizar tal façanha, talvez eu nem queira realmente escapar, meu pobre subconsciente pode estar ancorado ou estou, no fundo, gostando ou haja uma pequena brasa que ainda acredita, uma pequena convicção que insiste em me dizer que eu tenho que ser paciente.
Não a outra solução a não ser esperar o passar das primaveras, escrevendo poemas e apreciando, de uma forma pura, de um tolo totalmente a merce desse sentimento não correspondido, cada sorriso que me for apresentado e quem sabe, escupi-o a bicudas na lua para que todos possam ver o que vejo mas, infelizmente, não o que sinto.
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