
Vejo-os nítidos
Data 25/03/2008 11:15:33 | Tópico: Poemas -> Surrealistas
| Esta noite, o luar, laranja esborrachada a Ocidente em forma largada ao contraforte raso do mouchão.
Descalça(o corpo e a alma) avanço o veio feérico do verbo ao peso rítmico do esvoaçar d’asas de mil crisálidas; Domino a sede, extinta. Trilho-me então, pé ante pé, no rio salgado aqui ao lado … no (a)braço de mar e caminho a estrada escura iluminada por flamingos no caminho divino da Senhora d’Alcamé.
Índigos os mantos e os medos se de Canan se memoriam rubras as pontas das horas se se explodem em ânforas em bodas núpcias em vinhos perfumados e densos d’outrora cristalinas águas.
Vejo-os nítidos de pés desferrados às sandálias. [nada ou quase nada já me importa ...]
São pássaros sem asas. Debicam grainhas verdes, pevides baças e frutas suspensas ao fundo do lagar, coisas pequenas de esquiço cinza e forma crepuscular. Esgrimem-se na dança alquímica das gentes bravas sobre tear de açucenas… [o compasso passa agora à tua porta...].
Vejo-os nítidos e, se negra a fraga, esta noite abjuro o luar, fogueira primeira a lampejar a cal branca d’ermida em chama.
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