
O WOODY DA PADARIA
Data 14/01/2018 14:05:10 | Tópico: Crónicas
| Toda figura famosa costuma ter o seu sósia. Estes sósias estão espalhados pelas ruas do mundo. Às vezes vamos encontrar numa cidade qualquer do interior, uma pessoa que é a cara do presidente dos Estados Unidos.
Na infância, alguns destes sósias chegavam a me confundir. Havia um senhor que era igualzinho ao "comedor de hambúrgueres" das histórias de Popeye. O que é mais perturbador ainda, misturar personagens de histórias em quadrinhos com pessoas da vida real.
Eu ficava meio pasmo quando via Mahatma Ghandi subir uma escada presa a um poste para fazer algum reparo na rede elétrica. Numa padaria, próxima à minha casa, encontro sempre o cineasta Woody Allen trabalhando como caixa.
- Bom dia, Woody! - Bom dia. - Woody, você gosta de cinema? - pergunto. E ele balança a cabeça, como quem diz mais ou menos. - Quais tipos de filmes, você costuma assistir? - Os filmes de Jean Claude Van Damme e Arnold Schwaznegger.
Neste momento, nossa conversa é interrompida e alguém grita do balcão: - Gol do Verdão! Woody comemora. Bem, Woody Allen é palmeirense e gosta de filmes com muita adrenalina. Além disto, o que mais faz na vida? - Minha curtição são jogos eletrônicos. - E você, não gosta de música? O Woody Allen verdadeiro gosta de jazz e toca trompete em alguns bares de Nova York! - Gosto de música, sim. Zezé di Camargo e Luciano. - E namorada, Woody, você tem? - Sou noivo - ele responde enquanto conta o dinheiro do caixa com muita habilidade.
O que eu tenho com isso - pensei. Estou bisbilhotando muito a vida particular de nosso amigo Woody Allen. Celebridades não gostam de ter a privacidade invadida.
Neste momento, entra na padaria uma moça com traços delicados e pede sorvetes ao balconista. Percebi que Woody ficou embaraçado com a presença da moça. Aí ele olhou nos meus olhos e confessou em voz baixa: - Ela é a minha grande paixão! E é irmã de minha noiva. O que eu faço?
Respirei aliviado. Agora faz sentido. Em alguma coisa a cópia se assemelha ao original. Uma vida emocional atribulada, pelo menos isto eles têm em comum. Deixei a padaria e da rua ainda escutei os torcedores comemorarem um gol contra o Palmeiras.
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