
Trivial
Data 07/01/2018 22:06:19 | Tópico: Poemas
| Um ônibus vazio com sua imensidão, sufocante, por ser tão fechado. Era um momento de uma breve despedida para mim, minha primeira viagem sozinho, acompanhado apenas de Tony, era minha primeira tentativa de vender meus livros.
Eu esperava o ônibus partir e comecei a me sentir ansioso e amedrontado, eu temia o desconhecido. O caminho fora repleto de cerração, tudo se assemelhou a um melancólico filme de terror, tudo o que restou foi acreditar que a luz voltaria em algum momento, meu pescoço doía, “PRAÇA DA ESTAÇÃO!” gritou o trocador. Tony e eu nos levantamos e descemos do ônibus, sentei em um banco e procurei no Google maps a localização do hotel, o caminho era bem simples, tudo se tornou bem simples pra falar a verdade, bem simples de aceitar minha frustração por não ter conseguido vender mais de um exemplar, outros três exemplares estão em uma livraria, 20R$ e eles recebem 30% caso eles sejam vendidos.
A cidade está parada, tudo o que se via na rua eram senhoras esperando o ônibus e velhos jogando damas em praças e os lastimados e famintos, moradores de rua e o cheiro de bacalhau em algumas ruas e o cheiro de fezes em algumas ruas e o cheiro de morte, morte de diversos sonhos e esperanças uma morte cinza.
A tarde se resumiu em horas fúteis dentro de um pequeno quarto, duas camas, um frigobar uma tevê e um banheiro, Quando a tarde chegava ao seu fim Tony e eu saímos para conhecermos um pouco a cidade, compramos comida e voltamos para o quarto e saimos para comprar mais comida e voltamos para o quarto, escrevi esse poema e li para Tony, então ele riu e disse: “Mas você só descreveu o que aconteceu.”
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