
Vontade
Data 20/12/2017 15:23:36 | Tópico: Poemas -> Solidão
| A flor que caia pousando no seu cabelo, A mão que por instinto a agarrou, A palma que a segurava Enquanto os olhos a defrontavam numa busca de recordações.
O punho apertava-se tentando esmagar a ira, Os dentes que se cerravam tentando desfazer a dor. Estava a doer, a magoar em demasia. E subitamente… O cheiro que cobriu o ar… O cheiro da morte.
A morte que em nada tinha de diferente, Se não um buraco fundo e escuro, Á espera de um corpo já sem vida.
A inocência a nos envolver, Aquilo que o amor só é capaz de fazer, A vontade de que ele abrisse os olhos Deixando transparecer aquele brilho da sua alma, Reflectindo-se no seu olhar cor de ébano.
E para ela, Hoje o caminho pareceu-lhe mais longo que o habitual, O silêncio mais perturbador, Um medo inexplicável a percorrer-lhe o corpo.
A ilusão que muitas vezes estava a seu lado, Agradecia até a quem a tinha inventado, Porque a dor usando aquela espécie de técnica, Conseguia hipnotizar um coração ferido, Tornando as feridas num embalar e muitas vezes resultava.
Hoje não. Ele já não estaria de volta. Já não haveria um abraço apertado, O corpo pequeno totalmente envolvido como uma criança.
Uma lágrima solitária percorreu-lhe o rosto, Um vazio no lado esquerdo do peito, O sítio onde havia uma estrela. A estrela que tinha adormecido para não mais acordar.
E depois…
A calma vazia, A perda absoluta, O que lhe restava.
A vontade de lhe ter dito, Que especial poderíamos ser todos, Mas que para ela, Ele tinha sido o único.
CA
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