
INCÓGNITA SAPIENS
Data 02/11/2017 18:38:14 | Tópico: Poemas
| Sabendo que as coisas não se conhecem como as nomeamos ou imaginamos,
e que a ilusão existencial é imanente ao singular surgimento de nossa espécime;
ainda assim – e eis meu deserto – constituo, com minhas abnormais e imanentes senciências, inaugurações de toda ordem e a todo momento.
Neste ponto, penso ter-me criado conceitos – também tão espuriamente abstratos – que mudaram-me e me moldaram ao niilismo:
“O surgimento da abnormidade”, “a grande barreira” e o “inexorável apagamento”, em presenças concomitantes, mas alheias entre si;
e tentar esclarecer melhor sobre tudo isso de mim, demandar-nos-ia extensíssimo tempo de prosas filosóficas e metafísicas,
em simplesmente mais e mais excêntricas e subjetivas criações, sempre à margem do erro do qual surgimos e ao qual nos andamos.
Não obstante – e em tempo –, tornei-me tão árido em minhas angústias e em meus escorrimentos juncos, que acabei por fabricar-me também um forte refúgio,
qual seja o de crer que qualquer sublimidade mais sincera entre os seres, ou qualquer pureza mais afiada entre seus limites,
só podem ser realmente conquistadas, com uma ausência constante de seus egos, em silente admiração à distância.
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