
Comendo biscoitos no escuro, dentro de uma barraca
Data 23/07/2017 21:59:50 | Tópico: Poemas
| Como de costume mais uma noite tive um encontro com a fria e vazia decepção.
Logo de manhã fomos acampar, precisávamos subir um longo e ingrime morro com grama alta, insetos, merda de vaca e algumas aranhas.
A grama alta servia como apoio braços e pernas pinicavam. Era eu e mais três, montamos nosso acampamento em uma floresta de bambus, de hora em hora algumas vacas se aproximavam e nos observavam, com um simples movimento elas se assustavam e corriam de encontro à suas amigas e contavam tudo o que tinha visto.
A noite chegou e junto com o sol se foram as baterias de nossos celulares, a escuridão assumiu o papel principal e todas as criaturas foram soltas. Permanecemos dentro da barraca comendo biscoitos e conversando, fizemos uma fogueira por um curto período apenas para fazer alguns ovos cozidos.
O tato era nosso principal sentido, a natureza brincava com a nossa audição, sons de pegadas e os bambus estalavam como ossos se quebrando, alguns gálios caiam e o vento corria em volta da barraca, de uma forma histérica gritando e movendo tudo com seu desespero, as estrelas assistiam tudo através da copa das árvores.
Minhas costas doía, era doloroso ficar deitado dentro daquela barraca apertada com o chão cheio de pedras e elevações que trituravam todos os ossos do meu corpo. Não tínhamos noção de tempo, esperando o sol nascer e o vento continuava histérico, eu me levantava e sentava controlando minha histeria alongando meus ossos.
Por fim, despertei de um doloroso sono, o céu estava cinza mas de pouco a pouco aquela massa amarela foi tomando conta o vento já não sofria tanto.
A descida foi acompanhada de muitos tombos mas meu corpo já estava dolorido o suficiente para eu sentir alguma dor.
Um encontro com a fria e vazia decepção não me atinge como antes,
toda noite minha alma corre gritando histericamente eu apenas a escuto calado.
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