
Jantando com morcegos
Data 15/07/2017 01:20:05 | Tópico: Poemas
| O sereno gelado caia em minha pele enquanto pássaros se escondiam em seus ninhos, cuidando de seus filhotes.
Meus chinelos espirravam barro em minhas roupas enquanto em algum lugar, distante ou não, pessoas choravam em um velório, uma pobre garotinha vestida de branco deitado como uma boneca em uma embalagem de madeira e algumas flores foram deixadas em cima junto com algumas lágrimas e corações,
a vida prossegue como uma fábrica de mortos-vivos, mortos que trabalham regados a vícios e obsessões,
e mais uma vez na loteria do azar sou mais um felizardo vencedor mas não o único,
como já me foi dito: segura a marcha ai!
Minhas mãos calejadas de manosear a caneta levanta a bandeira branca que é rapidamente ignorada e atacada.
As lágrimas planejam uma rota de fuga e eu ando aumentando o nível de segurança, evitando proporcionar o espetáculo esperado por meus demônios,
posso ouvi-los.
Próximo a meus pés um motivo de orgulho e eu gostaria de irradia autoestima, mas o que tenho é apenas o mesmo olhar cansado de sempre,
me sentindo deus, incapaz de manter a ordem e minha alma clama: Porque me abandonastes? E eu respondo: não sei o que fazer,
imagem e semelhança da solidão
me restando imaginar como seria bom sentir bem de perto o cheiro da branca e macia pele,
deitado na cama escutando a chuva com música em meus fones que percorre cada limbo do meu cérebro reciclando toda a angústia em uma criatividade dolorosa,
um processo de todo dia ou de até três vezes por semana, depende de como o sol estiver ou da quantidade armazenada da estúpida esperança para assim eu poder, me decepcionar durante o luau enquanto uma sifônia de morcegos está de passagem.
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