
As cordas do tempo
Data 11/07/2017 18:17:36 | Tópico: Poemas
| O tempo reclama... Das cordas escorrem as lágrimas da manhã Ilesas, mas ainda presas à noite. Nos bolsos foram falsos fantasmas Cartas e copos, copas e damas Flamas e famas de um glamour sem pudor.
Concórdias e ânsias em vocábulos cansados Concordâncias marinadas em dor de cabeça. O azul nos olhos, iodos e russas montanhas O amarelo no sol, colisão ultra violeta A reacção, o verde na boca em lenta agonia
Lamentos sabores O futuro A prece O futuro Talvez De efeito borboleta.
A súplica é um abraço atrasado Alinhavado, cosido à barra da saia De um manequim passado Que não pertence ao tempo presente
Entre nós, no fio da navalha Caminham e definham sonhos sentidos Magoados antigos novelos de lã
Virgem nas mãos, alegoria Homens em cavernas vestidos com peles Vivem os mortos, comem a fome Matam os vivos, dominam a classe e prosperam Amarram e tecem os fios da vida, em teia infalível Com teares entre os dedos como carneiros vadios Tresmalhados do resto do rebanho
Arre Arrepiam pastores Arrepiam, arrepiam colectores Arrepiam caçadores Arre Piam
Frágil fagulha em combustão A agulha laçada, quase invisível O coração comanda a demanda da carne E costura a cena, um vestido de cristal Manda, desmanda sem pena e sem tempo.
Falta de ar? O não respirar é contra natura Ordena a mente à matéria E contorce à força o corpo na cama.
Entretanto anoitece Sem fogo, sem artifício O céu escurece. A corda esticou, partiu-se de vez O tempo reclama.
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