
tarte de maçã com pêra em calda
Data 09/07/2017 10:11:14 | Tópico: Crónicas
| Cheguei à idade da ternura este ano. Para onde quer que vá, assaltam-me existencialismos disparatados. Ando a ver, ou antes, a admirar, (forma gulosa de observar) a pintura Barroca. A obcessão pelo detalhe, os contraste claro-escuro, o perfeccionismo na conjugação luz/brilho e o ângulo da sombra que se forma, o dramatismo, lindo. Há fotografias que não são tão fidedignas. Numa pintura de Frans Hals, creio chamar-se a Vendedora de Frutas, dou por mim a adorar o rigor. E uma maçã.
Numa brincadeira com o meu primogénito, disse-lhe: - Ou deixas a tua irmã em paz ou levas um pêro nos cornos! Ah, as saudades dessa ameaça, mimo que trocava entres os meus amigos na flor da juventude. Era eu a ouvi-la, mas isso são rococós. Por falar em rococó, o nosso estilo manuelino, ao nível da arquitectura também andou muito próximo da loucura...
A minha dúvida é: se podemos chamar à maçã, pêro, porque nunca chamei à pêra, maçõ? Depois há outras questões impertinentes: porque damos o nome masculino a um fruto diverso do feminino. Há muito tipo de pêros, o mais conhecido é a da árvore da vida. Adão mordeu aquilo (é que nem chegou ao caroço!) e lá se foi o Éden. Os vermelhitos são Starking, os amarelos são Golden, os meios são Grannysmith, os meus filhos gostam dos acidulados verdes... As pêras, pela subtileza do doce, é das poucas frutas que gosto de comer o caroço. A outra é a banana. Tentei a manga, mas não deu. Reparam? Eu disse pêros mas não disse maçõs... Isto é mesmo grave!
Se alguém tiver o regionalismo, ou o fetiche de, na vida do dia-a-dia dizer maçõs, que me diga. Eu gosto da variedade Rocha do Oeste. Parece que vou comer calhaus...
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