
Silenciosa
Data 03/06/2017 20:47:10 | Tópico: Poemas
| Há um desalinho enigmático na casa - abandonada - sem postigo na porta e de tinta desgastada
só o batente ruidoso acorda o demorado segredo que ali existiu
o fino fio de amor partiu-se mesmo no centro da sala
e gritou na sua voz voraz para o telhado oblíquo
- eco que a noite calou -
e as janelas, sem paz, espreitaram o cheiro da cal caída e das escadas penosas
- fugaz porto de abrigo -
e a palavra “amor” embalou um espelho imenso e espesso de mudez que olhou fixamente o quarto onde faíscas efémeras tomaram, outrora, palavras insanas como tranquilizante da insónia
- essa que a cama emana -
e mesmo a sombra nas ombreiras salitrosas esqueceu as teias que as aranhas - obreiras poderosas - costuraram ao longo dessa casa silenciosa.
|
|