
Sobre orações e o orvalho na relva
Data 20/04/2017 00:01:14 | Tópico: Poemas
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Tentei decifrar nos sonhos o significado das cortinas, talvez fossem pespontos e vincos de ásperos pensamentos, nos beijos furtivos seguidos do olhar a guisa de piedoso, transparecendo serem dádivas do que ama do modo que quer. Senti-me triste ensejando finalizar qualquer inútil disputa, conforme prosseguindo altiva em linha reta, retomando a fibra de mulher; mas, num repente percebi perto e tão clara a intersecção, um vértice, o entrecorte dos desesperos próprios com a insofismável revelação - tal estigma calcado na espádua feito ferrete da flor de lis, chancela lida solene e inquestionável qual opróbrio do último profeta- castigo por não ter visto nos contornos das luzes qualquer um matiz.
Permaneci nas noites frias relutando procurar-te nas veredas procedendo qual asceta, nesses tantos caminhos que percorreste na incessante busca da Alma, foi tolice... foi obstinação cega, bem sei... obsessão torturante da presença de Ti. Prometo-me ser paciente e atávica suportando com calma os senões, doravante ver-te-ei como a um bom deus responsivo de fervorosas orações; então, imploro... sejas o orvalho que oscula a relva suavemente, e num alvorecer qualquer permita serem as preces ao final consentidas. Um beijo só - se piedoso for - que revele quando mais não seja a querência, nos reflexos das cores digam elas que sinto tanto... tanto sinto tua ausência.
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