
deserdados
Data 12/03/2008 23:41:42 | Tópico: Poemas -> Sociais
| Crianças esqueléticas deambulam Nos montes de gordura supérflua Da cidade, Longe, Dos olhos da cidade. Dos despojos privilegiados Da cidade. Escondidas da cidade, Escondidas da obscenidade Que empesta as modas Ricas da cidade. E a cidade adormece devagar Ao ritmo sacrossanto das igrejas, Dos bares de diversão, Dos centros comerciais e Das consciências de avestruz, que falam A inevitabilidade da pobreza e da fome, E justificam as esmolas Na nossa hipócrita existência. As crianças esqueléticas Um dia vão voar e exigir O seu quinhão de humanidade. Deixarão de ser coitados Submissos. Sairão dos seus lugares Miseráveis E virão, rumo à cidade tomar, Com os olhos ocos de sentimentos, A vida que lhes roubaram. Abandonarão a inocência Que a cidade tanto aprecia E como DESERDADOS Virão cobrar a herança da vida Que lhes foi negada. Numa raiva sem forma, Sem história, sem nada...
Manuel F.C. Almeida
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