
ENTRE O PASSADO E FUTURO
Data 07/02/2017 22:08:07 | Tópico: Poemas
| Fato sucedido e verídico E a gente brinca de poesia Tentando explicar essa viagem:
Foi lá pelas tantas que nem remela os olhos tinham O poeta não dormiu, mais viu o movimento da turma Galos cacarejavam, num poleiro improvisado no quintal O falcão crocitava versos no alto da montanha Águias, donas do céu, ruflavam descendo a montanha Enquanto a gaivota pipilava sobre a água azul do mar E uma juriti viúva soluçava num canto da serra, Como fosse o canto de uma sala, onde o sol atravessava
E um palhaço pintava as manhãs e os donos dos carros Os cacarecos dos trilhos levam os fandangos da cidade, Pulando catracas e tangas, de uma batuta da minha idade Não beijam a vidente, não pulam pinguelas e davam guela Era a sina da minha pele como perebas sangrando do povo E um sapo sem pernas, arrastava o sovaco pelas calçadas Enquanto um casal se roçava entre fronhas e taças de vinho
Do outro lado corvejava o corvo, suas últimas notas do dia E a cigarra apaixonada ziziava notas de um coito estranho O cão esganiçava suas mágoas numa rua escura e vazia O beija-flor conversa poeticamente com a amada parados no ar E borboletas passeiam na minha mente com palavras coloridas Abelha rainha, minha dona, zoava notas de amor pro meu coração Enquanto a araponga bigorneava, acordando o povo do lugarejo
E assim, entre vozes, paixões e amores Seguem a natureza e os homens E foi lá pelas tantas naquela planície Que dei conta que ainda tinha a minha voz!
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