Lágrimas de Gelo

Data 05/03/2008 21:28:49 | Tópico: Poemas -> Tristeza

Lágrimas de gelo,
Frias como a escuridão precoce do Inverno,
Num final de tarde ensolarado,
Matizado de ferrosos tons naturais,
De uma qualquer folha que vagueia ao sabor,
Da gelada brisa que adivinha o ocaso.

Lágrimas de gelo,
Suaves como a alva neve,
Que cai sobre os cedros,
Naquele bosque adormecido de vida,
Em suspensão até à aurora da Primavera anunciada.

Lágrimas de gelo,
Cristalinas como as torrentes,
Que deslizam sinuosamente,
Pelos relevos mais inóspitos,
Acariciando a terra,
Domesticando, moldando o barro,
Espraiando-se na imensidão do oceano,
Perdendo-se na infinitude de um milhão de gotas.

Lágrimas de gelo,
Duras como o granito mais puro,
Que rasgam as entranhas da terra,
Num silêncio impenetrável,
Imutável e instransponível,
Numa eternidade de brancos alvores.

Lágrimas de gelo,
Da senhora dos Invernos infindos,
Rainha da eterna escuridão,
Senhora das trevas ancestrais,
Lágrimas de cristal,
Inquebrávreis e inquebrantáveis.


Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=31439