
Tons de preto na ceia de Tintoretto
Data 02/05/2016 19:19:13 | Tópico: Poemas
|
Um poema de Miqué Di L'Atrólloggus
Não vou dizer que não sei. Sei bem, sei quem fez as cores todas que vejo, posso dizer agora com mais certeza, havia mais de cinquenta tons de preto. na “Tristitiae rerum” de Villaespesa, também na ultima ceia de Tintoretto. No final do oitavo mês reviveu a luz que havia inventado abrindo a janela, trazendo raios pululantes de carmim antes da degeneração integral do sol.
. . . ...
[Hannibal, com um bando de elefantes cansados, não estudou balística, nem sabia rimas, afinando palavras na ponta do sabre, resistindo a cercos e emboscadas. metendo um aríete nos portões de Roma.] ... . . . Temos vivido como poltronas na sala, com um piano de cauda entre nós, martelando desafinado “ Le Lac le Come”. para desespero dos vasos chineses em repouso nos pixixés pintados à mão. Nós dois, sós em nosso insosso palácio, rodeado de margaridas e bocas de leão, teleguiados pelo som de celulares, gemidos roucos em sustenidos e bemóis, vendo com suspeita a proibição da bebida nos estádios servidas em garrafas de vidro.
. . . [Persuasão e estratégia forte, arrojo desprendido nas táticas e Roma será capturada.] Mas, nesta tragédia e funcionamento perdas passadas e futuras sendo realizadas, como um sonho de infância, me salvando o intervalo. ... . . .
A muito custo aprendi o “ Cair de Lune” assim como é por todo aluno desejado, aos olhos da mentora por cima do ombro, mantendo simultânea a mente ocupada. Olhando janelas tão vazias quanto o céu, ainda suspirando, vendo o arco do violino, pendurado num prego servindo de enfeite.
. . . ...
Prefiro passar o resto dos meus dias em Veneza, ou em Genebra, vendo a neve a cada mês de novembro.
. . . ... Mas sei que devo encontrar prazer perto do mar, na distância segura das águas rasas, onde os cadáveres dos afogados vêm boiar, enfeitados com rosas murchas de Iemanjá.
. . . . . . . . . . . . . . . . . . .
|
|