
Cadáver
Data 21/04/2016 12:01:23 | Tópico: Poemas
| Já não tenho lágrimas nos meus olhos excessivamente abertos para aljofrar o cadáver podre da infância!
Esse morto que não morre esse vazio que não enche essa espada, esse abismo essa faca de dois gumes ferida que não sara sangue que não estanca dor, angustia e solidão ...
Já não tenho lágrimas nos meus olhos excessivamente abertos para aljofrar o cadáver podre da infância!
Esse poço de água suja esse olhar que não desolha essa terra de ninguém esse aborto que apodrece dor que gera dor mentira que me enreda pobre sombra desmaiada ...
Já não tenho lágrimas nos meus olhos excessivamente abertos para aljofrar o cadáver podre da infância!
Esse rosto sem ternura esse corpo mutilado esse olhar pesado e cego esse filho indiferente órfão de alegria sem mãe nem pai numa tumba sepultado ...
Já não tenho lágrimas nos meus olhos excessivamente abertos para aljofrar o cadáver podre da infância!
Ricardo Maria Louro
|
|