
Absurdo não acreditar no mal
Data 19/04/2016 12:04:13 | Tópico: Poemas -> Surrealistas
|
... Acalentados por pesadelos e monstros, pensamentos sombrios anseiam por milagres...” ----------------------------------------
- Absurdo não acreditar no mal -
A areia da ampulheta encobre os minutos, não acalma o medo que grassa, até que o relógio anuncie soturno, a meia noite na catedral convidando a receber o sono.
Acalentados por pesadelos e monstros, pensamentos sombrios anseiam por milagres. Talvez venha durante a chuva removendo o limo das pedras, antes de ver a vida num galope, equilibrando na sela de um cavalo branco.
Vendo fugir aqueles que não viveram, quando o anjo caiu e dobrou as asas, guardou-as num terreno baldio passando a fazer tricô com as matronas, tentando espantar as dúvidas de todos esses anos que abalaram a fé nas pessoas de bem.
Restam mudos, abrigados nos campanários, os pássaros que não acalmam o medo, em volta da torre da catedral. Só depois da fuga das estrelas as cambaxirras caíram no vazio, abandonando a abóboda celeste neste entardecer tão triste.
E a hora silenciosa soa como toque de um funeral, aguardado no meio da meia noite a chegada do convidado profético trazendo a palavra derradeira.
Absurdo não acreditar no mal quando soa a meia noite na solidão insólita trazendo o prenúncio da morte.
19042016 -------------------------------------------------------------- ©LuizMorais. Todos os direitos reservados ao autor. É vedada a copia, exibição, distribuição, criação de textos derivados contendo a ideia, bem como fazer uso comercial ou não desta obra, de partes dela ou da ideia contida, sem a devida permissão do autor.
|
|