
Quisesses tu!
Data 04/04/2016 02:40:33 | Tópico: Poemas
| Quisesses tu sossegar os meus ventos, acalmar as minhas marés altas apagar esse incêndio que faz arder o meu peito e a alma ou porventura viesses com essa serenidade que já me serenou dando-me o teu tempo, o teu abraço, o teu olhar, a tua mão
Quisesses tu mostrar-te ao mundo como nuvem que se esvai no céu, assumindo de vez esse brilho dos teus olhos, iluminando as noites ou ave branca que voa livremente no céu sem receios ou temores das tempestades chegando em mim, como porto de abrigo, onde descansasses esses medos
Quisesses tu colar a tua sombra à minha, o teu calor ao meu, misturando o teu perfume na minha pele, nas calçadas que percorremos correndo em areias molhadas, comendo nas vielas castanhas assadas cantando canções de amor sem vergonha dos olhares curiosos e alegres
Quisesses tu despir esse tenebroso pavor de caminhares a meu lado essa agoniante vontade de entrar num lugar escondido para me roubares o beijo que quero mostrar ao mundo saboreando o teu bâton, morangueiro ou mentol
Quisesses tu, por uma hora, ser a metade de mim despidos de conceitos ou preconceitos, navegantes em praias já sonhadas e dormidas embalos de mares nocturnos arrepios de frio quente
Quisesses tu mostrar a tua coroa, seria eu rei, senhor, dando-te o meu reino fazendo-me teu pajem ou defensor das guerras que temes sejam inventadas
Quisesse eu não te querer tanto como quero à própria vida que canto em palcos de onde te vislumbro e de onde não te posso enviar esse beijo que sei é teu permanente desejo.
Quisesse eu não querer ver-te chegar ao camarim com um ramo de beijos nos lábios e mil beijos em flores. Quiséssemos nós ser o que afinal somos assumidamente em segredo não temeria largar esse meu receio de teres vivo o teu medo de seres os ramos onde poiso, o mar em que navego os lábios que eu beijo ou o amor que eu amo!
Delfim Peixoto © ®
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