
A fúria das musas cedendo ao sabor do vento da desolação
Data 05/03/2016 22:30:42 | Tópico: Poemas
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Quando começa um combate as musas se calam. Em tempo de guerra, todas as vozes silenciam, submetidas à toada que brota dos canos das kalashnikov, musas entopem os ouvidos com cera diante do fragor dos canhões.
Nos campos os corpos apodrecendo na lama enojam as musas em silêncio; somente a chuva anuvia e dilui o sangue jorrando, fluindo das veias dilaceradas.
Mas quando é preciso lutar, mais uma vez o sangue vai brotar dos peitos abertos; outra vez os fragores da guerra trarão lamentações e lágrimas. Mães e esposas irão verter lágrimas milhares de órfãos percorrerão as ruas abandonadas em escombros a procura de uma mão amiga.
As musas irão tremer diante do som dos canhões, a necessidade da inspiração ira ceder à vergonha nua de matar em nome de uma justiça que obedece à lei dos mais fortes.
Musas enfurecidas silenciaram, abandonando as brisas das tardes amenas, fugiram do cheiro da morte nos combates, sabem que o vento da desolação somente irá inspirar versos bastardos. 05032016
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