
GUERREIRO URBANO
Data 25/02/2008 17:14:03 | Tópico: Poemas -> Reflexão
| GUERREIRO URBANO
Invasor solitário, insensível... Monta seu cavalo de aço, Com pose de intelectual, Tipo descrito em algum manual cibernético Que o diz sem alma, De karma invisível.
Desenganado em dias passados, Em plena guerra urbana De difíceis feitos, Em limusine prateada De estranha concepção.
Mergulhado em devaneios infantis. O grande Peter Pan, Faz seu voto de castidade Nos braços da prostituta bonita, Proclama seus mistérios Nos templos da moda Nos bares em voga.
Pequeno guerreiro solitário, De trens superlotados, De caminhos suburbanos perigosos, Com o peito muitas vezes covarde, Grande valente!
Guerreiro urbano cruel, Chora lágrimas de esperma, Licorosas, prestimosas, incontidas... Pela morta na taverna, Num acidente sensual, Morte sem final.
Guerreiro urbano Escondido na fantasia de três dias, Sorri no sonho de rei das ruas.
Guerreiro do comum, Suporta no estômago, Um dia como outro também. Dias esvaindo seu ser Em hemorragia de sonhos, Na insuportável dor da insignificância Da carne, Da impotência das idéias, Da incompreensão do tempo.
Guerreiro urbano, Molambo humano, Esquecido na porta de casa, No banco de praça. Ao relento de uma era Que não lhe pertence. Observador extático, Perplexo, De seu próprio fracasso. Retrato vivo, Bienal macabra, Da guerra em que é A santa, estúpida e cruel infantaria.
Morre sem dor, Sem amor, No cuspe teleguiado. Some na vala funda, Sepultura coletiva De fugazes fragmentos humanos.
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