
A morte da rainha
Data 30/01/2016 09:23:02 | Tópico: Poemas
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O cavalo do rei trouxe o bispo negro, ajoelhando-se aos pés da torre de marfim, passando um whatts para o palácio anunciando que a rainha chegou ao fim.
Dias e noites contadas para a rainha de ébano gravemente doente sitiada nas casas brancas sem saída sem alternativas para manter a vida.
A rainha está morrendo, chamou doze apóstolos orientando o lorde chanceler para cancelar compromissos dos finais de semana adiando a caça à raposa.
Bispos despiram os casacos franciscanos, enquanto peões colocavam armadura no cavalo vestido de monge confessando pecados inconfessáveis.
[Não achando o confessor real as damas de preto saíram em busca de um sacerdote em Paris.]
Houve apelos ao santo padre. Francisco não estava em Roma, embarcou no Queen Elizabeth, escoltando o Titanic, pelos mares gelados da Groenlândia abandonando Reykjavík aos bardos vikings arrependidos dos pecados comentidos em nome dos druidas. Paramentou-se para a extrema-unção enfim chegando ao destino depois de quatro semanas e meia de viagem, três casamentos e um funeral.
O papa franciscano trouxe a água benta, e todo o resto do equipamento, ajaezado com crucifixos góticos encimado por uma suástica védica.
Confessou a rainha ao bispo do rei sempre ter sido fiel à grei. Ter sido sempre esposa leal e jamais ter recusado sexo oral no primeiro ano de casados, estar arrependida mesmo sem ter pecados.
Ante as trocas de olhares maliciosos entre o chanceler e o monge, jurou que em infindáveis anos de reinado se houve único, primeiro e doloroso pecado, que desabasse o teto do santo sepulcro na cabeça do lorde chanceler. Jurou jamais ter colocado cantáridas moídas, no copo de cristal do soberano atual, mesmo tendo ficado mais de um ano sem sequer uma relação sexual.
[Exaltou os rebentos que deu à luz belos pimpolhos de cachos dourados em que pese serem como a nogueira as madeixas do consorte enfeitado.]
Antes de exarar um último suspiro quis deixar consignado que Carrol sempre foi mentiroso ao dizer que queria a cabeça de Alice, sempre foi uma grande tolice inventada pelo Espantalho seguindo conselhos tortos do Leão, enquanto procuram algas marinhas no caminho das esmeraldas.
No inicio da manhã do terceiro dia o rei confidenciou secretamente aos bispos na capela real a morte da ultima soberana esguia. Queimaram incenso respirando mirra e leram cânones em um salmo à luz dos pavios das velas brancas da galera de Cleópatra revivida.
Seguiram em cortejo pomposo até as câmaras ardentes provocando delírius tremellis nos pacientes da hemodiálise vendo correr o sangue nos tubos azuis.
Foi sepultada em Verona aos pés do mausoléu dos Capuletto enquanto a Escócia pegava fogo invadida por hooligans de cara vermelha. perseguindo saiotes azuis.
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