
Entre paredes nuas
Data 27/12/2015 19:21:23 | Tópico: Poemas
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Entre as paredes nuas há objetos purificados, adornando os átrios dos templos onde as ninfas não pisaram. Dentro do cofre, atrás do portão, entre os quatro cantos, em silêncio profundo, tudo se transforma em pedra.
Há uma pedra no horizonte, há fogo na banheira, há água no abismo da memória, há hipocampos cegos nos abissais. Ofuscam a mente momentaneamente, mas, na maioria das vezes parecem ser nada, apenas reflexos.
Entre as paredes nuas, entre os quatro cantos, equilibrando-se no teto, entre os espaldares das cadeiras, navegar é preciso e necessário, olhando Pégasus ao sul em direção à Andrômeda.
No limite da carne, no cerne liso suberiano do sangue pulsante, silenciando sentimentos mundanos.
Na corrente de pensamentos, silenciar sentimentos terrenos, para ver e ouvir, sentir a gosto, cheirar e tocar em dias alternados, imutável na invariabilidade sensível da fidelidade das cordas de varais aos toldos de lona.
Imóvel em Alfa Centauro escondendo a face num cobertor de estrelas refestelado. Olhos fechados para o mundo, reunindo o poder da vida nas palavras e nas folhas brancas, resumindo a existência numa única palavra em mente, antes da explosão final de fogos de artifício.
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