
o óbolo do amor que me dedicou
Data 17/12/2015 15:00:35 | Tópico: Poemas
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Sei que pássaros respeitam chapéus de rabinos; A face oculta lunar não é obscurecida se olhada a partir de Marte.
... depois que fui, sem escolta, a vida terrena deu meia volta, passou antes de meio dia e meia, não ficou, enfim, pelo contrário teceu a teia, foi quase até o fim de mim.
… sim, não haverá castigo qualquer um que julgar não poderá apontar do postigo, falar muito mal, nem atirar a maçã do pecado original na cova dos leões.
Não se deixe enganar, haverá sofrimento ante a visão de poás pretos das lantejoulas prateadas, de procissões aos supermercados na carestia do açúcar.
Mas haverá sempre um poeta para o sábado à noite para dividir uma chávena de chá adoçado com estevia natural para rir dos fragmentos no ar, das agruras cruéis da moça que puxa os cordéis, mas afastado todo mal.
Restará amor demais, mesmo montado em elefantes seguindo o ritmo cosmopolitano da cáfila alegre e festiva; mesmo numa loja de cristais. Escrevendo brocardos romanos em algarismos arábicos não haverá culpa, nem julgamentos.
... sim, a vida passará amena, antes das meias noite e meias eternas quando ouvirei pela derradeira vez ranger os gonzos enferrujados das portas vigiadas por Cérbero após atravessar para o Hades levando nos olhos cerrados o óbolo do amor que me dedicou.
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