
Quando um poema é apenas um poema
Data 04/01/2016 21:03:26 | Tópico: Poemas
| Entendo que um poema pode sim ser apenas um poema, não direcionado a ninguém.
“ Desse grande desatino já declino, à ninguém eu discrimino, talvez esteja apenas tergiversando quando afirmo, a quem pensa que possa ter sido eu ... se foi... se fui... não sei, não me lembra se sou... já fui... ou ainda serei...”
Não haver arremesso de barretes, nem aleluia de carapuças. Sem referencias indiretas, sem acusações ou ataques sub reptícios apesar de fazer menção a qualidades pejorativas de terceiros:
“ Não azucrino, não alcunho de caprino, de filho adulterino; nem amofino dizendo bizantino de nariz aquilino, chamando de suíno de olhar bovino, ao leporino assassino... “
Um poema pode ser um escudo, com versos de auto defesa.
“ Somente os ingênuos desmerecem o leão, tenha juba, seja calvo, seja seta, seja alvo - exceções feitas ao profeta e ao dentista. Ele permanecerá altivo na savana donde o urro mais que um murro estremece os saburros a quem envenena recendendo açucena, tomando a pena, encenando carta chilena...”
Mesmo havendo uma conotação mais agressiva nas palavras.
Moderadas....
“ Se não brame, com um sussurro cala o zurro verga a cerviz das tolices do casmurro; Daí tremem os burros que se borram nas ceroulas, fogem as hienas, com a cantilenas das almas tão pequenas. Sempre digo... não me chega aos joelhos quem acena coisa amena levantando as antenas.”
Com alguma agressividade:
“ ... ferindo a quarentena com adaga sarracena caíram-te as melenas levadas pelas gangrenas havidas das pontes de safenas ...”
com muita agressividade:
“ Não me engana a chicana da boa samaritana da profana sempre emana a novena obscena, Não me condena... tão serena... mas contracena com a hiena atrás da persiana onde a vida é mundana. Como pode a puritana virtual era ratazana na real? ”
ou extremamente agressivos:
“ defecam na folha branca então imaculada o prato infecto de lentilhas decompostas enfiado guela abaixo sem recato entre os vãos dos dentes podre que ornam as bocas malditas depositárias das fezes e das palavras ferinas que cospem...”
Um poema pode ser livremente inspirado em acontecimentos, mas não ser resposta, mesmo podendo conter situações ou menções que foram ou possam ser interpretadas como reais.
“Mas não ressalvo ser o alvo. Se o destino ferino é ser o calvo, o felino, dito mofino anunciado pela caterva... ... não me enerva. Como o frango no losango, não me zango dum fandango. Me conserva ser a água que observa... se preserva, é pequena ...sempre amena, antes que ferva para ser inundação.”
Um poema pode ser a descrição do estado de espirito do “eu lírico”
“ Sou como genuíno beduíno, observo a caravana, deixo os leões nas savanas africanas. Me reservo soer cabotino com versos clandestinos. saídos do intestino, mas a discórdia não dissemino.”
Um poema pode ser uma pergunta. Um questionamento: é possível escrever versos mais agressivos sem que sejam direcionados?
“ Digo isso como hino cristalino, minha voz não troa, soa à toa como gelo fino, Superfino, sou menino, mas com milongas de um tango argentino.”
Eu digo que sim.
“ Fui candango, sou calango... mas um dia... um dia... um dia serei orangotango pilotando um carango de campana amoitado, se calado agoniado; silenciado só se sangrado à durindana, destripado, amarrado ao pé da cajarana.
16112015
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