
soneto do sol germinal
Data 18/11/2015 19:33:13 | Tópico: Poemas
| Dizem que nos idos d’ abril ao mar se largou, antes um mês; do meu nascimento passado, para ele a mais infausta notícia; soube-o vivo minha mãe quando recebeu um perfume francês, pelo correio chegado de terras distantes, uma vez da Galícia. Ninguém mais o viu depois que da fragata ganhou o mundo; quando comecei a engatinhar pela sala entre móveis antigos crescendo solitário e triste, e de tantos sofrimentos fecundo, fugaz apareceu uma vez em julho, só para beber c’os amigos.
A cada ano - find’a primavera, quando sint’ o sol d’um abril, é como se dele[o sol] ’tra vez recebesse as mesmas caricias, deslumbrando-me sob um velho salgueiro em doces delícias.
Jamais veio me conhecer, nem ao salgueiro, agora senhoril! Dizem que se casou com uma rameira com sifilis terminal, mas continuará a me aquecer e ao salgueiro sol germinal.
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