
O Morgado de Selmes
Data 20/08/2015 16:49:35 | Tópico: Poemas
| Houve outrora um Morgado na bela aldeia de Selmes um homem desalmado que o povoado ainda teme.
Numa herdade fria, escura vivia o tal Morgado um homem sem ternura sombrio e mal amado.
Montava o seu cavalo pelas ruas da aldeia era um nobre sem passado que chorava uma plebeia.
Sua amada que morrera por decreto do seu Punho era jovem e de cera fora morta ao mês de Junho.
Não gostava do Morgado essa jovem doce e bela e ante todo o povoado fora morta p'la guela.
E o Morgado duro e frio do alto do cavalo dera a ordem que feriu o olhar do povoado.
E a raiva e o horror do Morgado se ressente, sem lamento nem pudor matava toda a gente.
Na fogueira sem piedade tanta gente lhe implorou e a arder nessa maldade uma bruxa lhe imprecou:
" - Que esta morte vos dispa a Vós e à vossa geração e que uma maldição vos vista até mil anos sem perdão! "
Mas um dia a Santa Igreja fachada da Matriz caiu e até Beja chorou, Selmes, infeliz.
Era Ele do Santo Oficio D. Manuel Nunes Thomaz o Morgado que vos digo era um homem perspicaz.
" - Que se erga outra fachada a Catarina vossa Santa, mas ao lado, minha casa, ficará como uma anta!"
E ao lado da capela construiu o seu jazigo esperando p'la donzela como sendo um sem abrigo.
Passa o tempo, passa a vida morrem gentes, nascem outras e junto àquela ermida o Morgado mira as moças.
Qual delas era a sua a que volta e o liberta da maldição da rua do jazigo à porta aberta.
Mas um dia emparedaram o jazigo do Morgado e o seu ódio despertaram como outrora no passado.
E houve mortes, acidentes tanta gente possuida p'lo Morgado de Selmes do jazigo e da ermida.
Até que a porta foi aberta e o Morgado adormeceu, no jazigo está à espera da amada que morreu!
Ricardo Maria Louro Em Terena do Alentejo
Poema a D. Manuel Nunes Thomaz, Morgado de Selmes, Senhor da herdade da Rabadoa no Alentejo. Membro honorário do Tribunal do Santo Oficio (Inquisição). Um homem de poder, severo e cruel, frio e distante, apaixonado por um amor infeliz. Morreu em 1878, deixando, segundo a lenda, uma maldição naquelas terras. A maldição do Morgado de Selmes. Que descanse em paz, Ele que partiu, e nòs que ficámos...
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