
Desapareço
Data 22/07/2015 22:28:38 | Tópico: Poemas
| Dissolvo no teu abraço Como uma ínfima gota de nada num vasto oceano de infinidade [Your scent remembers me of almost perfect and forgotten days]
Dizes-me que nunca foste mais tu mesmo Do que o quanto és tu mesmo comigo Que todas as tuas doces palavras Eram tanto mais doces porque deveras Querias nada que não a mim encantar E tão pouco foi tempo que me pergunto Se não te conheço senão há uns dois - ou duzentos - anos
Mas são só poucos meses Duma vida em que da própria vida a mim me privei [Ou do que quer que lá fora chamem vida]
Privei-me do todo e escondi-me nos detalhes Nos cantos da tua boca que me sorri E da valsa que dança em par com os olhos Dum castanho onde bate a luz como lustre num espelho
Escondi-me do mundo nos detalhes do teu corpo Nas curvas da tua pele morena que, morna, No contato com minhas mãos gélidas, Produz senão espécie de choque que ainda mais nos junta E a luz do sol que contra teu tórax nu - transforma-o em paraíso [sweet clouds to lay on]
Lá fora, o mundo é uma cadeia De incessantes aconteceres e de dias sem termo A tarde vira noite e nosso tempo vai-se esgotando O sol ilumina a estrada que dá em todas as cidades do mundo Eu sinto tuas mãos quentes e, por abrupto, já não preciso de sol nem de mundo
Preciso só dum lugar calmo e duma dose de horas Preciso d'algumas palavras e do teu corpo - onde deito e me isento de dor Onde me consertas e me preparas Onde me acomete o sono despretensioso Adeus, ansiedades; adeus, odioso tédio
Conduzo minhas mãos através de ti Como se deve conduzir barcos em meio à maré E deixo que me atravesse, a inocência O tempo passa e já não me diz respeito quase nada Que não a necessidade de a ti conquistar em inteiro E ao teu amor, e à tua atenção Até que o fortuito ouse separar-nos.
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