
Nó na garganta
Data 18/06/2015 20:07:47 | Tópico: Poemas
| Sinto um nó na garganta, constante, Contínuo e incessante, Gigante, tornou-se sufocante, Acordo ofegante, coração acelerado, Queria gritar bem alto, mas apenas sai um grito calado… Gritos mudos que envolvem a minha noite, Me consomem, dilaceram… Sinto lágrimas no meu rosto, mas já não as noto sair, Sinto-me entorpecido sem conseguir reagir, Soturno, sem senso, Já não durmo, apenas penso… Penso em como é grande a dor de pensar, Reflexões intensas que têm o dom de magoar, Tento pensar vazio, mas vazio é como me vejo, E logo me sinto a transportar pelos pensamentos de desejo… Parece que sonhei, aparenta ter sido noutra vida, Longínqua, distante, mas impossível de ser esquecida, O calor tornou-se frio na tua presença distante, O ar que me reanimava tornou-se sufocante, Memórias são só memórias, o passado é inexistente, E este pensamento corrói-me, na melancolia de não o ter presente, Pensamentos fragmentados, turvos, que me abraçam no escuro, Tento afastá-los mas eles conhecem os sonhos em que durmo, Sinto o toque que me fez flutuar, Mas sentindo-o apenas como reminiscência, faz-me afundar, É incrível como o próximo e o longínquo se separam tão tenuemente, Como num fragmento tudo muda, de colorido a cinzento, O ar não é o mesmo, já não respiro leve, Sinto um nó na garganta que me persegue,
Me atormenta, omnipresente, embutido no presente, Pelo futuro que passou a passado, e já não existe neste momento, Quimeras transfiguraram-se em lembranças, E o que me fez outrora despertar, adormeceu-me de um modo que não poderia imaginar, Inopinado, surgiu veloz, cortante e sufocante, Criando este nó na garganta, que me obscurece cada instante...
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