
Poema para os homens futuros
Data 11/04/2015 15:00:08 | Tópico: Poemas
| A grama era verde, O céu era azul E quanto mais ao sul As flores rebentavam, Todos nós nos rejubilávamos Porque ainda havia flores nos canteiros.
Havia relvas, matas, florestas, Montanhas verdes E imensidões cerúleas Que todos os dias Rasgavam-se ante os olhos Para nosso prazer e visão.
As abelhas zuniam nas colméias E fecundavam azaléias e bromélias, Levando por toda a parte A cor, o olor e o estio De verões e primaveras, De prados e campos Onde ziniam as cigarras.
Havia a grama e o céu E como era verde! E como era azul! Sobre lírios e girassóis Perfeitos e exatos Para nosso deleite e agrado. Odoríficos, exalavam as fragrâncias Mais intensas e desejadas Que nos faziam amar Mesmo diante da morte e do nada.
Os rios corriam com a força dos primeiros anos, Abrindo cânions e vales, Formando deltas e bacias, Pântanos e lagos Onde se ergueram Cidades, fortalezas e palácios.
Os glaciares eram muito brancos e nítidos Como o são os mares de gelo de Europa, Lar de ursos e focas E onde são mais brilhantes as boreais, O luzido das polares Sob intensos ventos austrais.
Grossas massas de gelo Expandiam-se e recuavam Deixando na rocha sulcos profundos, Testemunho das eras, Geleiras e rasgos A esculpir penhascos e geografias.
Havia um tempo Antes da dúvida e do medo, Antes do chão calcinado de indústrias, Do degelo e das fontes que secaram;
Havia um tempo Em que o ouro só pertencia às estrelas E as matilhas uivavam e ganiam Para lua como nunca se vira antes Enquanto Lucy contemplava o céu Repleto de diamantes;
Em que enormes lagartos e feras Deram origem aos pássaros E peixes e insetos marinhos, A anfíbios e sapos, A besouros e térmitas.
Havia um tempo Em que a inocência não era mais Do que eras e eras Que ficaram para trás Junto com deuses da terra e do ar E com um mundo ígneo, Natural e físico.
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