
Humanidade...
Data 16/03/2015 14:15:42 | Tópico: Contos
| Ano 3126. Nave terrestre aporta em Épsilon 4256-9, planeta do sistema binário de Plêiades, conhecido há quatrocentos anos, mas só agora despertou interesse. Análise geografológica iniciada pelo mecanismo ônico cristalino: Viagem/tempo: 02 anos luz. Dimensão planetária comparada: 256% o tamanho da Terra. Geografologia: Três luas - duas mais distantes e uma no formato elíptico -> 11 oceanos, 26 mares, seguimentos fluviais indefinidos em número. Temperaturas: min. -78ºc máx. 34ºc - Composição líquida H2O. Ar respirável: 76,89% - aceitável. Radiação nociva: 0%. Flora e fauna: evolução normal até às plantas superiores clorofiladas - predominância verde musgo - Caducifólias de cor lilás - gramídeos. Mamíferos, aves, répteis e outras não identificáveis. Minerais: cristais raros, metais raríssimos, minerais energéticos em 1012%. Espécie viva inteligente: Seres bípedes sexuados semelhantes à espécie humana. Grau de consciência, inteligência, saber: 714% ao Quociente de inteligência mediano terrestre. Conhecimento do espaço: dominação da viagem espacial - conhecimento acerca de 7 000 000 de galáxias - conhecimento e observação de um grupo de 12 000 planetas habitados, 256 000 não habitados, nenhuma colônia. Regime de viagem: três vezes a velocidade da matéria escura, dobra espacial, supressão do tempo. Temperamento: Extremamente pacífico. Conhecimento de armas de destruição: 0% - desconhecem ou desprezam o conceito de guerra, dominação, destruição. Planeta sem divisões territoriais, ideológicas ou baseada em fenótipos. - Origem! Aqui é Bruma. - Prossiga nave Bruma! - Épsilon 4256-9 favorável ao descobrimento e estadia humana. - Excelente. Ater-se ao procedimento de catalogação. - Certamente. População pacata, trazer apenas armas básicas de subjugação necessárias à dominação. - Foi recebido. Um nativo aparece sobre uma colina gramada, não parece surpreso ao ver a nave espacial flutuando próximo a um morro. - Seja bem vindo! - disse gentilmente e realmente empolgado ao cosmonauta terrestre. Ele, meio encabulado, responde:... - Ah... Obrigado. Conhece a minha língua. Nossa, como pode, é em tudo semelhante a minha espécie! - Por que a surpresa? - Nos outros planetas não é assim. - Entendo... Vocês vieram rápido. Nos surpreenderam, não achamos que fossem conseguir por agora. - Conseguir o quê? Quem o quê?! - A minha gente, oras. Pensamos que iriam demorar mais algum tempo para conseguirem chegar até aqui. Mas passaram habilmente pelo cinturão de asteroides da nebulosa vermelha. - Como sabe essas coisas? - Por que a surpresa? Sabe que somos inteligentes. - Sim, eu sei. Mas não sabia que nos seguiam tão de perto. - Bem mais de perto do que possas imaginar. O seu cérebro artificial ali dentro de sua nave não lhe disse tudo... - Mas como sabe disso?! - Isso não importa mais. Quer mesmo tomar este planeta? Precisa mesmo dele? - Hum... É o que fazemos. Mas não se preocupe. Queremos dividi-lo com vocês. Já se foi a era em que os meus ancestrais invadiam e pilhavam, temos vergonha dessa época. Viemos oferecer-lhes o nosso modo de vida, ensinar e aprender como vocês. Temos muito o que dividir. - Ah sim, o seu modo de vida... Não está me conhecendo? Realmente não me reconhece? - Você? Eu deveria? - perguntou o cosmonauta. - Sempre achei o seu planeta lindo! Pelo menos, naquela época. Uma linda pérola de vidro azul... havia potencial em vocês. - Como assim? - Ah menino, é uma longa história. Faz muito tempo, muito tempo mesmo. Cheguei assim como você, na minha pequena nave. Mas naquela época, o seu povo ficou deslumbrado. Havia potencial, sim havia. - Não estou entendendo! - Eu voltei depois, num choro de um bebê, porque tudo deve começar numa criança. Como uma semente... Eu e o meu povo trabalhamos muito por sua gente. Embora vocês nunca tivessem nos entendido bem. Naquela época era preciso guiar-lhes pelas mãos. E veja agora. Aqui está você, longe de casa, através do espaço, sem precisar de minha ajuda. - Você... - Três mil anos e não aprenderam nada... É realmente uma pena. Conseguiram chegar aqui, mas não trouxeram nada de bom. - Você... Você disse que iria voltar.... - Eu levei-lhes sabedoria, amor, compreensão. Vocês a usaram para dominar, e ainda usam, não é mesmo? Mas nada está perdido! Começaremos de novo, temos paciência. Sempre tivemos. Voltaremos no tempo, de novo e de novo. Até que um dia, você chegue aqui nos oferecendo amor e irmandade. Até que este passo que você deu, não seja desperdiçado outra vez. - Você nunca voltou! - Voltei dezenas de vezes. Mas como nunca foi o que vocês esperavam, não fui notado. Nunca é o que vocês esperam. Mesmo da primeira vez não o foi... Mas um dia, irei subir este morro novamente, e aqui estará você... esperando-me com um abraço. E eu ficarei feliz por você ter atravessado a galáxia inteira apenas para dá-lo a mim. E mesmo eu tendo de voltar no tempo centenas e centenas de vezes, tudo terá então, finalmente valido a pena.
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