
último voo
Data 09/03/2015 12:53:46 | Tópico: Poemas
| Morre o voo da gaivota na garganta do vento, Desfalece, repousando nesse azul, céu e mar. Ainda se lhe levanta o olhar branco, ao pescador, Mas o barco passa e passa o tempo, também.
Ainda há tempo para anunciar as cores do mastro; Acariciar os peixes que a força da fome já não engole Regressar a terra e sobrevoar os telhados e as ruas, Pousar de mansinho na areia e partir. Último voo.
Ainda há um sopro de vontade no ninho da falésia, Mas seu ninho é também horizonte, outro mar, Outro desfiladeiro, onde a luz se ergue no apagar Lento da memória, e o corpo é transe e brisa leve.
Ficam as cores dos telhados, das fachadas das casas Da roupa estendida, dos verdes campos, dos frutos… Da terra molhada…e no cair das asas sobre o mar… Eis que há sangue no engolir da espuma branca.
Maria dos Santos Alves
|
|