
O Pôr do sol no mar
Data 10/01/2015 14:30:06 | Tópico: Poemas
| O Pôr do Sol no mar
Um dia fui ao pôr do sol ao mar chorar as penas do meu peito dorido... Eu quis contá-las, de manso, sem ruído mas ele esquivo não me quis escutar... Então sentei-me na areia macia olhando o mar, azul, esverdeado e chorei... e sofri... Ao mar então pedi um pouco de alegria! Ele alegre, estouvado, quis falar-me de amor num tom quase encantado... As águas verdes, claras, cor do prado em mil rendas se quiseram tornar para tecer um vestido de noivado porque Sua Alteza, o Rei, ia casar! Não aceitei, não quis porque era amor sem lei Não faças ninguém feliz... Então ele humilhado estendido no chão ventou, sorriu e disse, com tristeza e meiguice: "Quem me fizera homem!" E ao mar respondi: "Eu gosto assim de ti, azul, verde, cinzento tecido de brancura na paz ou no tormento na luz na noite escura!" E o mar poeta, sonhador cantou-me um hino todo feito de Amor! A noite tinha vindo luarenta era a praia uma estrada cinzenta debaixo de cristais... Então eu disse adeus ao mar e de novo senti no seu cantar todas as minhas penas... E ele meigo, um ciciar sem nome cantou só para mim como quem dá amor em troca de renúncia: "Hei de trazer nas minhas falsas ondas um banho alegre de amorosas pombas e um marujo alegre, sedutor... E tu virás a visitar-me um dia e em mim todo encontrarás amor. Amor humano, ardente, feiticeiro puro e transparente tal como tu sonhaste em tempos de menina... E nele tu hás de encontrar a paz e nos olhos do marujo mensageiro verdes como o meu seio tu hás de espelhar-te como a alma se espelha no meu manto de rendas em noites de luar..." Adeus, ó mar!
Maria Helena Amaro 16/03/1955
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