
Noutros Rostos .....
Data 10/12/2014 21:19:38 | Tópico: Poemas
| sei de teres um saco que fala sobre o sono ainda misturado num copo em brasas curioso por bater com a minha sombra diante à criatividade desse saco nele intercepto mensagens alheias das noites cheias de fins ou acasos todos nos dizem para cantar sob o carreiro gélido onde verdes árvores lá fora se revelam na voz de silicone por trás das portas a despenhar-se sobre cadeiras retiradas contra os buracos negros enquanto mesas se entrançam no ar às voltas como respiro e interrompo trepando o fumo trôpego dos garfos e talheres confusos a romperem os sóbrios guardanapos de tecido diamante derretendo-se na luz que flutua leve talheres no princípio garfos no cume empoleirados no pano rústico preso à jarra que toca a melodia desaparecida que esmaga as mesas que torce a voz contra as portas que toca a própria mão alastrando o saco e se bebe na loucura nocturna o soalho de madeira rubi ressente-se entre os rolos de árvores e baloiços de folhas afrodisíacas a amolecerem espantadíssimas nas sobrancelhas queimadas com imagens panorâmicas do saco como a rodar nos rodapés que explodem dentro dos vernizes a espalharem-se p’la poeira das vidraças terríveis os relógios fumam os céus indignados aceitando-se corajosos e reles vistos à lupa o sol de aço corta a vista como os seus raios de fogo cortam as mãos o fogo cresce aumenta o sangue largo enquanto labareda a roçar no coração e o coração insufla e inflama o corpo que se ergue e estanca o lume manuscritos voam em cima dos pratos os pratos compostos por tintas em escada finalizam-se à vista sombrios e tristes desde a força profunda das mesas até se coserem às secretas portas que fervem o trilhado coração do saco aos pedaços de fibras entranhadas escorrendo à volta dos corpos desenhos de luvas peúgas originais retratos folhas plantas gaiolas por baixo de alcatifas submersas cigarros dentro uns nos outros onde a água trabalha e escalda esse pressagioso ofício um castanho cavalo gira perto do iminente sofá e o cavalo cavalga dentro das paredes a estoirar a ventania obscura e engole uma almofada de acre vinho e no próprio relinchar como desabrocha!
tapeçarias de névoas esvoaçam entre fragilidade e angústias via o saco a inundar-se no arame farpado com que o ergo até sufocar o amanhecer fusiforme a saltitar nos nós de sangue uma breve leveza de ofício e rasgam-se fissuras na carne como outra carne funda e ensanguentada em estado de choque assim irei aprender também trigonometria astrofísica dos cometas às galáxias inundadas de gravidade enquanto saco é elevado nós somos elevados e arrastamos as imagens de uma ponta à outra devoramo-nos na engrenagem atómica em frente aos vertiginosos olhos anda o saco a pensar nas coisas o saco desmancha a doçura do pescoço sangra-o nas mãos vagarosamente à raiva tão veloz canta nas fracturas da terra na cabeça movida por circunferências saco chato dorme a alumiar a escuridão uma chatice mortal!... mexe-se aquele saco com pensamentos inquietantes sei-o inquietante é mestre e eu o aprendiz com a cabeça no fundo dos meus joelhos a estilhaçar devassa os astros explodindo-os de encontro às estrelas e todas as altas estrelas bailam na ponta dos dedos pretos prata a deslizar na coxa dissolvida
contra espirais cadentes os astros são a sonoridade cantam flores e jarras e as estrelas o ritmo maldito feito de cera luminosa em que as trevas vagabundam nos espelhos rápidos dentro da penumbra pendidas nos aromas megalíticos que vão de sabor para sabor pela aragem abaixo a levitar na sua matéria enlouquecida e morde a luz porque os perfumes celestes se despedem e diluem o espaço e o tempo como num avanço e recuo doce estremecendo as distâncias em tempo irreal deixo-me cair anterior a esse saco entrançado nas veias adentro e racho as mãos à velocidade de um galho precioso na dúvida alastram-se as abas que dançam enquanto o saco sufoca numa janela contorcida deambulo na opacidade dos espelhos e vidros que nunca mas nunca falam dele ou de mim – o saco, por exemplo...
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